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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Soneto à Revolução


“Como flores que voltam suas corolas para o sol, assim o que foi aspira, por um secreto heliotropismo, a voltar-se para o sol que está a se levantar no céu da história.”
(W. Benjamin, 1940)



Embriagado de melancolia frente à fantasmagoria do absurdo presente,
sob meus pés o chão torna-se um flutuante mar,
e enquanto sou barco ébrio perdido sem continente,
é Vênus quem norteia toda noite meu olhar.

Ininterrupta no céu é minha estrela mais brilhante,
da manhã e da tarde, só lhe perco ao Sol raiar,
e a indústria que acorda sem sequer espreguiçar,
com o Sol revolve a angústia de não ser ao trabalhar.

Nostálgico me torno por melancólico prazer,
e ao passado ancestral retorno como que por dever,
abrindo o presente para o futuro do dever-ser.

Sonho com minha Vênus, rimando amor com estupor,
pois o torpor que me acomete, é vento vermelho em vela de flor,
brotada em meio às trincheiras, de um corpo sem carne nem cor.

Igor L.C.

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