Quarenta e um graus; quinze horas
e cinquenta e cinco minutos; 41º... 15:55.
Sinto a onda solar reluzir em mim
pelas calçadas de Niquiti. Destino: praia do sossego. Dois litros de água
e mais uma garrafa menor para cada. Entramos no ônibus.
O calor deve exaltar os
ânimos, ou assim mostrou-se um cidadão local, gritando com o negro
cobrador: "vou te mostrar o que é desrespeito!!", disse ele em tom
ríspido. "Que ele vá à merda", pensei eu solipsista.
Cadeiras preenchidas, pessoas
começam a ficar em pé. Conto-os, já são ao menos três... Próxima parada e perco
minha conta. O percurso faz parte da história, e descrevê-lo é como tirar sua
foto. Mas já tem tanta gente que não sei quanto disso tudo lembrarei depois.
O calor derrete minha cara. Pude
ver, quando eles ainda eram apenas três, que ao meu redor somente eu estava
assim, inadaptado. Exerci então meu direito de mostrar o corpo: tiro a blusa, e
com ela seco meu suor; de testa seca, passo no rosto o protetor solar, e faço o mesmo em
cada ombro.
O percurso se prolonga, e pouco à
frente um acidente. Dois ônibus bateram, ao menos não foi de frente. Se o calor
exalta os ânimos, que azar de toda essa gente. Vai andando e vão descendo, a
cada curva um ponto a menos. Eu vou, o ônibus vai, e a praia vêm!
Piratininga
é o nome dela.
A terra aqui é de títulos
exóticos: Gragoatá, Itacoatiara, Camboinhas; ontem, anteontem, e ante
- anteontem.
Na água que se esconde, a rocha é predominante.
A Terra
é rocha.
Igor L.C.
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